Quote of day #004
Deus encontra-se com Isaías e começa um processo de ensino pra ele sobre a vida do Israel e mostra pra ele como é insuportável para ele (Deus) ver o povo com toda a religiosidade aflorada, fazendo muita coisa, em festas cerimônias, eventos, cultos, sacrifícios e tanto esforço para achegar-se a Deus, quando ele pede outra coisa, ele quer que a vida do seu povo seja uma vida de relacionamento pessoal com ele. Falando sobre isso, ele diz a Isaías. Veja abaixo:
Isaías 1.11-17
O SENHOR diz: “Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos. Quando vocês vêm até a minha presença, quem foi que pediu todo esse corre-corre nos pátios do meu Templo? Não adianta nada me trazerem ofertas; eu odeio o incenso que vocês queimam. Não suporto as Festas da Lua Nova, os sábados e as outras festas religiosas, pois os pecados de vocês estragam tudo isso. As Festas da Lua Nova e os outros dias santos me enchem de nojo; já estou cansado de suportá-los. “Quando vocês levantarem as mãos para orar, eu não olharei para vocês. Ainda que orem muito, eu não os ouvirei, pois os crimes mancharam as mãos de vocês. Lavem-se e purifiquem-se! Não quero mais ver as suas maldades! Parem de fazer o que é mau e aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas.”
Para fazer uma versão contextual (releitura para os dias de hoje) ficaria mais ou menos assim:
O Senhor está dizendo para nós todos: Não gosto destes sacrifícios que você fazem, tentando me agradar. Vocês oferecem seu corpo por sacrifício, tiram do seu tempo e sacrificam a comida, fazem orações nos templos em semanas, campanhas e mais campanhas de sacrifício para que eu possa atender e ouvir vocês. Não gosto disso. Tudo isso que fazem que se esforçam, que se entregam, tudo isso é vão pra mim. Fico enjoado só de ver esse monte de rituais e sacrifícios, e jejuns e ofertas que trazem querendo conseguir com isso minha bênção. Tenho ódio destas orações que fazem que querem ver subir até meu trono como incenso e o objetivo delas é conseguir coisas, obter bênçãos. Nada é para mim, até as orações de vocês são para vocês mesmos. Não suporto estas festas, estes eventos onde louvam a todos e tiram tempo para festejar cada vitória pessoal e particular das pessoas que estão ao seu redor, mas separam um tempo pequeno pra mim, como se isso pudesse esperar. Estou cansado das suas festas religiosas, destes cultos vazios e desprovidos de sinceridade. Quando levantam as mãos para orar e me pedem bênçãos, não vou ouvir e nem responder. Vou me calar. Podem orar muito, sacrificar-se em oração, orarem de joelho, façam suas campanhas, seus atos de esforço pessoal; quanto mais fazem isso mais distante eu fico, menos escuto e não vou responder. Quero sim que aprendam a viver a vida reta e justa no dia a dia e não somente que venham até o templo para fazer orações e cultos tentando compensar a vida desleixada que vivem na semana. Quero estar com vocês no dia a dia e não em apenas um dia separado para mim e mesmo este dia que é separado para mim você encheram de coisas, de avisos, de festas, de comemorações, de eventos, de programações, de sacrifícios inúteis que me dão nojo. Tratem os outros com justiça, socorram aqueles que estão sendo explorados, defendam o direito dos mais fracos, protejam os pobres. É a vida do dia a dia, no cuidado com outro que quero me ver junto de vocês.
Nosso tempo hoje está muito parecido com o tempo em que viveu o profeta Isaías. O povo de Deus, de hoje, está envolto nessa ritualística, nessa de sacrifício, existem palavras que usamos que remetem meu pensamento ao Antigo Testamento: “há um preço a pagar para se ter a bênção de Deus”. Ou ainda: “Você está disposto a pagar o preço para receber a unção de Deus?”. E tantos outros, através de esquemas de oração, campanhas que devem ser cumpridas, esforços para se sacrificar-se financeiramente, tudo isso com o objetivo de ter um relacionamento com Deus.
Deus, porém, pede outra coisa. Ele pede que em todas as coisas, quer sejam públicas num templo, ou no dia a dia da vida, que estejamos em RELACIONAMENTO pessoal com ele.
Pra obter uma comparação mais fácil de ser entendida, mostro: todos nós que já namoramos ou temos um relacionamento de casamento. Tente substituir a interação pessoal, o relacionamento pessoal por eventos (tem MUITA GENTE QUE FAZ ISSO…). Viva de festas, almoços, jantares, eventos, encontros públicos etc. Verá que tipo de casamento ou relacionamento terá: uma estrutura pública que não se satisfaz mais com a pessoalidade, quando há um momento de pessoalidade, tudo passa a ser maçante e perde-se o objetivo. Nossa sociedade é acostumada com isso: vivemos de almoços, jantares, encontros, sociabilidade, amigos juntos ao redor de uma mesa e o relacionamento pessoal de um casal ou de uma família acaba circunscrito a isso e então a pessoalidade, a intimidade é substituída pelo social.
Quantas vezes não aconselho casais que passam por isso. Perderam o estímulo da vida porque a vida passou a ser apenas um evento social com uma estrutura prática; a família (que tantas vezes dizemos ser muito importante) foi substituída por uma série de afazeres em comum. A rotina chega e como não sabemos o que fazer inventamos um monte de atividade para fazermos juntos, substituindo o relacionamento pessoal por um público, envolvendo um monte de gente, para podermos continuar mantendo as aparências de uma família feliz. O que dizemos ser família em muitos contextos hoje, não passa de uma conformação social que é empreendida para dar certo e fazer todo mundo “feliz” e felicidade tem a ver com os deveres que cumprimos e não com a aceitação nosso eu no relacionamento pessoal.
Existem famílias que não conversam mais do que 20 minutos. Sentarem numa mesa, num sofá para bater um papo o assunto se encerra logo se não tiver mais pessoas por perto, se não for um “evento” e nota-se que não existe muita coisa em comum, por isso precisamos juntar mais pessoas para poder ter mais assuntos. Casais também costumam ser assim …
Não seria diferente com Deus. Sente-se com Deus, frente a frente e converse com ele horas como um bom amigo, com alguém que tem sempre muito assunto para conversar… Geralmente não passamos de três ou quatro minutos de conversa…
Que tipo de relacionamento queremos desenvolver?
Trocamos o relacionamento pessoal (desaprendemos mesmo!) por um relacionamento de eventos, festas, cultos, cerimônias.
Deus, na época de Israel disse que abominava este tipo de coisa, que tinha vontade de vomitar, que sentia nojo, que não participava deste tipo de coisa.
Será que na nossa época podemos dizer que Deus mudou?
Pensar é necessário para entendermos o que é preciso fazer. Continuar do jeito que está não é razoável. Continuar nessa vida de eventos, festas, cerimônias, cultos, nessa impessoalidade é jogar fora a vida, é desperdiçar o potencial que temos para viver de coisas que são pura religiosidade.