Ando pensando muito sobre o preço, valores e coisas que consideramos valiosas. E época em que nos encontramos parece não se diferenciar muito de outras, onde o capital, a produção, as ideologias, os fanatismos e tantos outros “ismos” despencam em cima de nós todo dia.
Tudo na vida tem um PREÇO, algo a ser pago, um sacrifício, um benefício que queremos e pensamos poder comprar, pagar, tomar, ser dono.
Fazemos isso com a religião, nesta tentativa de trazer o transcedente para o imanente tentamos reproduzir uma “atmosfera” tal que conforte, que dê alívio para o dia a dia, como um ansiolítico, que nos tire as tensões, os dissabores e transforme a vida cheia de cores que ofuscam nossa vista e nossos sentidos em uma vida “rosa”, igual, uniforme, cadenciada, sempre no mesmo ritmo.
Fazemos isso com todo o restante, mas quero parar na questão religiosa, porque vivo em meio a ela e dela também tiro as minhas ideias, produzo meus textos, minhas aulas, pregações e tantas outras coisas.
Sei que pode estar pensando comigo, e deve ter razão ao pensar, o próprio conceito de salvação em meio ao cristianismo demanda um preço e o preço é de sangue; um sacrifício de alguém encarnado que morre no lugar de outros.
Este preço pago deveria nos fazer pensar no contrário – justamente por ele ser alto demais é que alguém pagou por nós, mas parece que gostamos de preços e colocamos “tags” (rótulos, etiquetas) de preço em tudo.
Alguns socialistas podem argumentar comigo que esse é o mal do capitalismo … a história desmente, pois os regimes socialistas também sucubem do mesmo mal e lá, ao que parece sempre, o totalitarismo aumenta ainda mais o “abismo” de riquezas e pobrezas, fazendo de uma parcela muito menor ainda da população detentora das grandes fortunas.
Meus questionamentos são mais existenciais, vivenciais que puramente político-demagógicos.
Pergunto porque é que temos uma “tag” em nós e temos um preço? Porque nos vendemos por um preço? Quase sempre a “tag” anuncia um preço muito baixo perto daquilo que “valemos” de verdade.
Há uma música que sempre me faz pensar nisso e queria que você pensasse um pouco também. A música é de Jessie J, com a participação de B.o.B. Chama-se “Price tag”. Ao fim desta digressão tem o link para que escute a música. Coloquei em versão legendada para ajudar-nos a entender melhor.
Veja comigo – ela se questiona dizendo:
“Parece que todo mundo tem um preço
Eu me pergunto como eles dormem durante a noite
Quando a venda vem em primeiro lugar
E a verdade vem em segundo lugar”
As vezes me pego pensando em como é que os “preços” que damos para as coisas e até para a própria vida nos impedem de tomar decisões, de abrir mão de certos confortos e até mesmo, algumas vezes, impedem que sejamos felizes, porque valorizamos mais as coisas que a própria existência e aí, carros, casas, bons empregos, ‘status’, poder de compra e tantas outras coisas do nosso dia a dia massificam em nós a ideia de que a felicidade e a própria existência dependem em primeiro lugar disso: dinheiro.
Tenho me entristecido muito estes tempos com isso especialmente. Principalmente no último ano pra cá.
Parece que caminhamos e não sabemos mais viver sem dar preço para as coisas ou mesmo pensar que podemos viver com menos, de maneiras mais simples, não porque uma quebra financeira não possa fazer isso conosco, mas porque resolvemos que valorizaremos mais as coisas que as pessoas e isso nos inclue, damos um valor muito baixo para nós mesmos e nos “vendemos” por muito pouco.
De vez em quando vejo e analiso alguém que não consegue dar um passo maior para sua tranquilidade e felicidade porque se acha sem condição de abrir mão de tanta coisa que “ajuntou” e tem medo, muito medo de perder e ser pobre.
A Bíblia diz que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” e fala isso numa época em que o capitalismo que conhecemos ainda não existia, porque, entende-se, que isso é uma condição humana e não uma questão ideológica apenas.
Se formos olhar para nós mesmos, com certeza não diríamos que temos amor ao dinheiro, mas se analisarmos com um pouco de isenção os motivos pelos quais empreendemos coisas, seguimos em frente, escolhemos caminhos, com certeza o dinheiro estará lá em primeiro lugar.
B.o.B na sua “participação” vocifera algo profético:
[…] cara, você não pode por um preço na vida
Creio que esta é uma verdade que devemos atentar e analisar: temos colocado preço na vida?
Todos precisamos de dinheiro e não vejo que ele tem um mal em si mesmo, mas sim em como o usamos ou somos usados por “ele”.
Acho que vale um pouco de exercício de pensamento, analisar um pouco nossa vida, nossos motivos e ver onde é que estamos “depositando nossas economias”.
Que tal isso? Parece razoável pensar um pouco? Como Jessie J. diz na música apenas pare um pouco e sorria, pense!!!
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Link para o vídeo no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=2hj2tF7Nhj0