Quote of day #006
A difícil tarefa de viver é confrontada o tempo todo com a difícil tarefa de crescer. Viver, de certa forma é crescer. Crescer está relacionado diretamente com a maturidade do corpo, da mente, da alma. Não existem maneiras de separar isso, uma “parte” da outra, por isso penso que o que acontece ou dentro, ou fora, acaba por influenciar nesse crescimento e portanto na maneira como vivemos.
As vezes às circunstâncias tiram nossa paz e nos faz sofrer internamente. A alma fica dolorida e as situações parecem não melhorar ao longo de dias, semanas, anos. Nessa hora é que penso como devo agir em cada situação assim – duas coisas me vem à cabeça, uma delas é usar mecanismos de defesa para mascarar estas dores. Posso deslocar estes sentimentos para outro lugar e os esconder debaixo de uma repressão ou sublimação. Posso fazer na verdade um monte de coisa para esconder estas dores da alma. A segunda coisa que me vem à mente é algo que um psicólogo, Hayes, escreve num artigo para Veja: “Não fuja da dor”. Para ele, fugir da dor é deixar de viver.
O sofrimento e as dores são inevitáveis, principalmente aqueles que são relacionais, com pessoas que amamos, pois além deles afetarem muito mais a nossa vida, não iremos abrir mão do convívio com quem nos fez sofrer, pois essa pessoa, mesmo que não esteja ao nosso lado, continua dentro, em nossa mente e coração. O sofrimento continua apesar de algumas vezes o convívio ter cessado.
Não há remédio que amenize ou resolva esta questão. Isso está presente em toda a humanidade e ninguém deixa de passar. Exitem aqueles que logo quando a dor chegam, procuram um meio para desfazer-se dela, substituindo a dor ou o motivo por outra coisa – trocando o brilho da vida por diamantes. Os diamantes são “eternos”, mas sem a luz, sem o brilho externo nem enxergaríamos sua beleza. A beleza de um diamante não está nele propriamente, mas naquilo que ele foi feito a partir de uma visão externa, foi lapidado, é colocado sob a luz para refletir. Ele pode ser duradouro, mas é inerte, não traz alegria se por ele não passar um faixo de luz, um ‘halo’, um brilho.
Já o brilho da luz é próprio. Ele não brilha porque reflete, mas ele é que gera o reflexo. É o brilho de luz que faz a vida valer a pena. É nele que costumamos encontrar o sentido de muita coisa em nossa vida. Ele nos ajuda a enxergar na escuridão, nos aponta novos caminhos e nos faz ver que a vida pode valer a pena. Acho super interessante olhar a Bíblia e ver que na história da criação o que é criado em primeiro lugar é a luz – “haja luz”, disse Deus.
Você costuma ou recentemente trocou um brilho de luz por um diamante? Por mais valioso que seja o seu diamante, o seu quilate ainda é nada comparado ao que perdeu ao deixar o brilho de luz e fechar a porta ou a janela para que ele permaneça com você. Sua vida se tornará escura, sem viço, sem frescor, sem exercícios diários que te fazem pensar, crescer e experimentar o que Deus realmente programou para você.
Algumas vezes nos alimentamos de relacionamentos doentios, onde somos oprimidos o tempo todo e mesmo assim usamos uma frase que diz tudo, mas que costuma realmente ser vazia completamente de sentido: “Não há o que fazer”. Sempre há o que fazer se quisermos efetuar mudanças, se quisermos crescer. A vida não é estática, mas dinâmica, se a acompanharmos iremos ver o que Deus pode fazer, se pararmos no tempo e no espaço, mesmo que haja um crescimento financeiro, estabilidade, conformação, ainda assim estaremos aquém daquilo que Deus planejou para nós – me lembro bem da minha vocação e chamamento, e do versículo que ficam em minha mente o tempo todo, quando Paulo diz que “os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis”. Ele nos chama para a vida e não para a conformação com este sistema em que estamos inseridos – outro versículo também cabe aqui, onde Paulo também diz que “não devemos nos conformar com o sistema estático das coisas que não brilham, mas devemos transformar nossa mente e vocação para o agradável exercício de viver a vida de Deus”.
As vezes você pode olhar ao seu redor e pensar: “É, muita coisa depende de mim e não dou conta de mudar em nada, vou me conformar e esperar que elas mudem por si só”. Esperar em Deus não é cruzar os braços, mas é estender as mãos, é seguir em frente, é marchar para atravessar o mar ou o rio porque do outro lado é que está a promessa de Deus de uma vida melhor e mais de acordo com a vontade dele para nós.
Lutero sabia bem dessa luta, desta troca diária que as vezes fazemos entre os diamantes e os feixes de luz que se nos apresentam e dizia:
“Esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas”.
Quero o brilho, que fiquem pra trás os diamantes.