Quando crianças, situações, faltas, sentimentos, rejeições e tantas outras coisas acabam por nos formar como seres humanos e quando adultos tomamos certas atitudes ou então sentimentos aparecem em nós, numa ‘repetição típica de uma formação psíquica’ que não conseguimos explicar, modificar ou mesmo nos ‘livrar’ de tais sentimentos explicáveis.
Um deles, em mim, se mostra sempre em ‘festas’ que acontecem, principalmente em eventos ligados ao final do ano.
Um vazio vem, uma falta, fica um buraco dentro de mim que até certo tempo era pra mim inexplicável. Ficava pensando: porque todos gostam das festas, confraternizações de fim de ano, passagem de ano, comemorações de Natal e eu me sinto tão mal com tudo isso?
Insight
Semana passada ‘veio’ até mim um ‘insight’ que pude então ‘revisitar’ meu passado e entender várias coisas sobre isso. Os ‘insights’ não nos ‘curam’ ou mesmo modificam nosso sentimento para com o que enxergamos finalmente, agora com um olhar de adulto para uma situação complicadora quando éramos crianças, mas nos dá possibilidade de entendimento, de conhecimento e de saber o ‘porque’ de certas situações.
Nossa vida é feita destas situações, algumas alegres e outras nem tanto, mas apesar de dores e sentimentos que surjam o que é interessante em tudo isso é que quando tomamos ‘consciência’ (quando o desejo ‘sai’ do inconsciente e ‘brota’ no consciente e podemos então através dos ‘insights’ segurar esse ‘peixe’) pode-se ao menos não ficar mais no escuro e a partir da um novo significado para o sentimento, usando-o como porta para acesso aos mais diversos medos e frustrações.
Ainda me encontro abalado pelo fim do ano – sei que sempre estarei assim, mas posso trabalhar com isso, já que agora sei o que e onde estão os problemas.
Sentimentos
Um sentimento de abandono, de desproteção, de ser sempre o ‘não preferido’, de não ser o ‘escolhido’ para ser objeto principal de amor, cuidado e presença. O sentimento se manifesta com pessoas diferentes daquelas que aconteceram no passado, é a repetição típica e agora, mesmo me sentindo como uma criança, com o sentimento aflorado e dores emocionais profundas, posso entender.
Viver na expectativa de que o outro ‘deve’ me amar e dedicar tempo de qualidade e tempo linear para estar comigo é o que soberanamente meu coração pede. O que se vê daí, é que ao repetir-se o sentimento, nos impossibilita também de fazer o mesmo com outros que também tem ou precisam da mesma expectativa e geralmente tratamos estes outros da mesma maneira que somos tratados, para reviver o ‘gozo’ que sentimos quando crianças, pois aquela memória foi a única coisa que conseguimos guardar.
Somente com uma compreensão melhor de quem somos e o que nos formou é que poderemos ‘reconstruir’ nossas memórias, não apagando-as de nossa vida, mas dando um novo significado para elas.
Terapia faz bem. Faz bem quem passa por terapia.