Esta é a segunda edição, de 2022.
Apocalipse não pode ser entendido como uma carta literal em que se presuma uma história e essa com cronologia ou faça sentido apenas do ponto de vista literal. Apocalipse (Revelação) faz parte da categoria de livros chamados de “Literatura de Resistência”. A partir do século II a.C, quando a nação de Israel é tão agredida por outros povos que corre o risco de desaparecer surge a “resistência”, os Macabeus e todas as guerras deste período são uma tentativa de alguns para que o povo de Israel não desapareça da terra. É aí que este tipo de literatura é mais usado – livros apocalípticos onde, através de escritos simbólicos e alegóricos, o povo é lembrado que Deus continua vivo e está em seu trono reinando de forma soberana e a história caminha para cumprir os seus propósitos.
Entendo que existem muitos embates e debates a respeito do Apocalipse, da sua literalidade (até que ponto?) e de sua liberdade literária apocalíptica (até que ponto?), mas não querendo me ater muito nestas questões gostaria de resgatar o que penso ter sido de certo modo esquecido: que tipo de vida Jesus realmente está tentando transmitir através destas palavras para aquelas igrejas da época e qual entendimento contextual e cultural para estas orientações. A mim, me parece, que as orientações de Jesus para com estas comunidades são bem mais de ordem prática (vivencial) do que filosófico-teológico, pois o intuito do Senhor sempre prima pela transformação da realidade em que a sua Igreja, construída e cuidada por ele, está inserida.
Assim, gostaria de propor uma releitura não dos textos em si, mas do entendimento semântico vivencial a partir de uma visão que talvez se torne menos míope: como a Igreja da época entendia estas palavras do Senhor e que labor escriturístico isso pode resultar em nosso meio hoje numa Igreja inserida num contexto tão “pós-moderno” do vigésimo primeiro século?
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