Esta é uma expressão que me intriga, sempre. Parece simples, mas na verdade nunca é. Nada é realmente tão “simples assim”.
Já notaram que a usamos para falar de coisa que realmente não são simples assim?
“A política verdadeira é esta! Simples assim!” Não existe nada simples em política.
“O verdadeiro evangelho é este! Simples assim!” Não existe nada de simples no evangelho.
“O verdadeiro sistema teológico é este! Simples assim!” Não existe nada de simples nos sistemas teológicos.
A frase, porém, que me chamou mais atenção foi: “Levante-se daí, saia dessa depressão, basta orar que Deus responde. Simples assim!”
A depressão (ou qualquer outro transtorno/condição mental/humana) nunca é algo simples. Há intrincados caminhos surreais que passam pela vivência, pela mente, pelo corpo, pela alma, caminhos estes que deturpam a visão da vida, anuvia os contornos das coisas e obscurece o dia mais claro.
Faço a mim mesmo sempre uma pergunta: porque queremos que as coisas sejam “simples assim”?
Temos muito medo de enfrentar as nossas idiossincrasias; temos muito medo de nos encontrar com o espelho e ver nossa alma; temos muito medo de olhar de verdade para dentro de nós, então a utopia da simplicidade toma conta, como uma fuga, um refúgio, uma viagem.
Nada é tão simples assim né?!