“Farás… uma lâmina de ouro puro e nela gravarás…
SANTIDADE AO SENHOR”
Ex 28:36
Não eram mais que 10 horas da noite, quando, sentado à beira do fogo em um acampamento, no meio de uma mata ao sul de Minas Gerais, eu olhava para a fogueira ardendo, chamando atenção pelo modo como consumia a madeira, nas vidas que aquecia, na mata que iluminava.
Quando penso em Avivamento sempre penso em fogo, fogueira, queimor. Queimor de santos desejando serem mais santos, de justos buscando mais justiça, de filhos sedentos do amor do Pai, de servos querendo tão somente servir e todos juntos, com este queimor, entregando tudo: vida, suor, família, bens, saúde para buscarem outros – MISSÕES!!!
Paulo, falando aos crentes de Corinto sobre liberdade, deveres e direitos no ministério diz: “Esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que tendo pregado a outros não venha eu mesmo a ser desqualificado” (I Co 9:27). Ele entendia que sua mensagem – “tendo pregado” – seria autenticada ou não pelo modo como vivia – “não venha eu mesmo a ser desqualificado”. Isto implica claramente que existe um fator de esforço considerável para que vivamos nossa vida de tal maneira que não derrube por terra a mensagem que proclamamos.
Se estou no meio de um povo ainda intocado pela civilização e pelo evangelho, para pregar-lhes Jesus, ou até mesmo ao nosso redor, na sociedade em que estamos inseridos, vivendo e pregando-lhes, por exemplo, o Sermão do Monte: “Bem-aventurados os humildes, os que choram, os mansos” etc, acontece uma conexão direta onde os ouvintes estabelecerão um padrão, ou regras de comportamento a partir do meu exemplo de vida no meio deles. Eu sou o padrão que Cristo usará no ministério, sendo exemplo aos outros com o meu modo de viver cristão.
Se minha vida autentica minha mensagem, se vivo o padrão cristão que apregôo, se em mim reside o “sede santos”, então posso dizer como Pedro: “Olha para nós”, ou como Paulo: “Sede meus imitadores”.
Missões sem um Avivamento Real em nossas vidas não é viável. Sem que haja um depositar de vidas consagradas ao Senhor, vidas que se entreguem no altar, vidas em que as “brasas vivas” tocaram os lábios, purificando, não faremos progresso em alcançar o mundo perdido. Seremos realmente um grande celeiro missionário, com toneladas de sementes amortecidas pelo pecado e pela vida fútil, que mais cedo ou mais tarde apodrecerão fora do lugar certo – fora do solo e assim, contaminarão outras sementes que estão ao seu lado.
Cristo muitas vezes vive “teologicamente” em nosso meio. Temos muitas respostas teológicas sistematizadas em questões e debates para quase tudo o que acontece em nossa volta. Por vezes não passa de mero falar…
Creio que há servos do Senhor que lhe são fiéis em cumprir-lhe a vontade; vejo Igrejas levantando-se e pregando a Cristo. Vejo “chamas” ardendo, mas irmãos, o Espírito Santo quer, sobretudo, nos usar de forma prática e absolutamente em “Santidade ao Senhor”. O inimigo consegue fazer com que crentes não enxerguem as verdades de Deus e que assim, não se apossem do poder do Espírito que já os tem como possessão – um poder dado a nós, Igreja, um poder para testemunhar. Insistimos em nos enganar e permanecer cegos, surdos e mudos.
Precisamos entender de uma vez por todas que toda a realidade da mensagem de Cristo nos pertence. Tudo dele é nosso, para a glória de Deus Pai, no poder do Espírito Santo.
Em 1421, Diego Moranis, cristão conhecido ao sul da Espanha pelas suas rics lojas de tecido, certo domingo após a siesta, momento em que todos os nobres andavam pelas ruas acompanhados de suas famílias, saiu correndo pelas ruas e praças rasgando suas roupas e gritando: “Tenho tido mais lucro que devia; tenho pagado mau meus empregados; tenho roubado nos dízimos; nào tenho ajudado viúvas e órfãos e escolho empregadas por me atraírem pela beleza, apesar de ter esposa. Oh! Deus, queima o meu coração ou não poderei viver!” Após três dias de joelhos na praça, com roupas rasgadas e sem comer ou beber, Moranis voltou para sua casa; havia um sorriso em seus lábios e um brilho em seus olhos. Reduziu o preço das mercadorias, aumentou o salário dos empregados, entregou os dízimos atrasados, abrigou órfãos e viúvas em sua casa e no sótão de suas lojas e pediu perdão em público à esposa e empregadas. Uma nova frase foi colocada abaixo do nome DIEGO MORANIS esculpido nas lojas maiores – que dizia: “Queimado em nome do Senhor”.
“Deus não está disposto a usar um povo que não seja santo” (Ronaldo A Lidório).
O Senhor pretende usar a mim e a você; sua Igreja. Pode ser que ele não te chame para ir a um campo transcultural, mas te chame para ficar e “segurar a corda para que outro desça ao fundo do poço” e isto, praticamente falando, significa colocar a mão no bolso e investir no Reino; colocar os joelhos em terra e tirar tempo para batalhar nos lugares celestiais, pelejando junto com irmãos a quilômetros de você. Uma coisa você pode ter certeza: temos que estar prontos para seremos usados por Deus. O Espírito Santo deve ver em nós uma disposição tão grande que tenha total liberdade para agir através de nossas vidas e somente com uma vida de santidade é que poderemos dar tal liberdade!
“Santificai-vos porque…
O Senhor fará maravilhas no meio de vós”
Js 3:5
Artigo publicado no Jornal Fronteiras – O Desafio Transcultural – Ano 2 – nº 5 – Julho/93
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