“Os índios vivem em harmonia consigo mesmos, com o meio ambiente e com a sociedade que vivem. Na medida do possível, devemos assimilar essa sociedade. Eles são o protótipo de uma sociedade harmônica”.
Impressiona-me ver pessoas expressando idéias como esta acima. Apegando-se a esse tipo de slogan dizem que não precisamos pregar o evangelho aos índios, pois, isso seria interferir em sua cultura “harmônica”, em sua perfeita interação com a natureza e o cosmos.
Há algum tempo, um missionário entre os índios, Claudinei Godoi (MNTB) escreveu-me o seguinte:
“Moro aqui, numa aldeia indígena como missionário e não sei como conseguem enxergar tal interação do índio numa sociedade que é somente utópica e só existe na mente de quem não quer enxergar a verdade. Há algum tempo atrás, fui aplicar uma injeção em uma índia, com aproximadamente 60 anos de idade. Ela é aleijada de uma das pernas e os índios usam seu nome como um ‘palavrão’. Ela estava em sua rede, extremamente fraca, devido a pneumonia; ali mesmo na rede fazia suas necessidades: as fezes e a urina misturavam-se com a comida que ficava ao lado da rede, onde se acumulava todo tipo de sujeira. Ela sequer conseguia ficar em pé. Peguei-a pelo braço, tentando ajudá-la a levantar-se; pedi ajuda aos que estava ao redor e apenas ouvi risos”.
Assim é a cultura “harmônica” indígena. Deus declara que todo homem é pecador e escravo desse pecado. O índio não é exceção; ele precisa de Jesus para libertar-se de sua vida pecaminosa, perniciosa e cheia de vícios e tabus
“Há poucos dias – continua meu amigo missionário relatando – eles estavam querendo sair para uma guerra, pois um grupo de Yanomamis da Venezuela ‘enviou espíritos’ e estes mataram um homem numa maloca perto daqui. Todos querem vingança”.
Toda a vida desse povo, aprisionado nas garras do inimigo, é uma constante constatação do medo: medo da noite, do vento, de trovões etc. As mulheres sempre têm medo de serem arrastadas, estupradas ou mesmo roubadas por outro grupo Yanomami.
A vida desse povo é baseada na palavra MEDO. Um medo real e ao mesmo tempo sobrenatural, místico, demoníaco. Durante milênios, Satanás dirigiu as ações destas tribos para os aprisionar com seus sistemas e tradições.
Claudinei ainda escreveu-me: “Agora que estamos aqui, confrontamo-nos diretamente com o reino do inimigo”. Os pajés falam destes espíritos como luzes. Paulo escrevendo à igreja de Corinto diz: “Não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (II Co 11:14).
O índio não sabe o que é harmonia. Ele só conhece o medo, a desilusão, a morte, o choro, a violência, o desprezo, a mutilação, as drogas (“que são o alimento dos espíritos”), a discriminação, a fome, a doença e tudo o que Satanás lhes entrega através de seus pajés.
Como se libertarão das mentiras do diabo se alguém não for até eles e falar-lhes que Deus, em Cristo, pode tirá-los da escravidão para a liberdade que só Jesus promove?
Como crerão se não ouvirem?
Como ouvirão se não há quem pregue?
Como pregarão se não forem enviados?
Como?
Artigo publicado no Jornal Fronteiras – O Desafio Transcultural – Ano 2 – nº 5 – Julho/93
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