Há alguns momentos na nossa vida, especificamente pra mim, nos dias em que olhamos para uma situação conflitante e que mexe com o nosso coração de uma forma tão profunda que perdemos a noção da realidade. Às vezes vivemos algo que é real, mas tão real que o resto todo perde a cor e o sentido e ficamos fixados naquele ponto, naquele momento, naquela situação. Não sei se já passaram por algo parecido, seja o que for, mas esse tipo de coisa geralmente é raro na minha vida, pois eu sempre estive ativamente envolvido na vida das pessoas, dos outros, de tal forma que acabei por esquecer de mim mesmo e então, de repente, vindo do céu, de Deus, do encontro, da vontade, de dentro, profundamente de dentro a vida se modifica e muda de tal forma que todo dia acordo estupefato e durante o dia, várias vezes, olho ao redor como se aquilo que vivo, que sinto no dia a dia não fosse o real, mas sim apenas um momento de espera para que a verdadeira vida chegue e se assenhore de mim de tal forma que me tome por completo.
Outras vezes, olhando para a mesma situação, porém de outro prisma vejo que eu posso ajudar, posso me dar e continuar a fazer o que sempre fiz: olhar para a felicidade do outro em primeiro lugar e assim proporcionar modificações suficientes para que surja uma nova vida, uma nova maneira de viver, uma nova maneira de ser feliz. Esse desencontro, surgido a partir de olhar para si e olhar para o outro, de ver minhas necessidades, desejos e faltas e as do outro me faz meditar que talvez, falo com temor e tremor, talvez eu já tenha recebido tudo o que eu poderia receber e que a partir daqui devo realmente me voltar e ajudar a crescer, ajudar a vencer, ajudar a conquistar, abrindo novamente mão de mim mesmo. Amar não é nada fácil. É uma atitude de ir na direção do bem do outro, mesmo que esse bem possa vir a afastar o outro, objeto do amor dedicado, de si mesmo. Será que está certo isso? Será que é assim mesmo? Será que tem que ser assim toda vez? Será? Alguns me chamam de chorão, tudo bem, sou mesmo, me lembro de Jeremias, que também era chamado ao sofrimento, ao choro, à dor, à negação de si mesmo para que outros pudessem ser felizes. Sou feliz pelo que recebo, pelo que recebi, muito feliz e Deus é minha testemunha que não posso viver mais sem o que recebi dele, por isso, mesmo que os tempos mudem, mesmo que as situações mudem, mesmo que os quadros se revertam, mesmo que a figueira não floresça, confiarei no Senhor e me entregarei a ele, por ele e para ele. Não há maneira de o amor invadir mais a minha vida, estou cheio, 100% cheio. Deus será gracioso comigo, tenho certeza, e sua presença nunca se apartará de mim e mesmo que venham dias difíceis, mesmo que as situações sejam insuportáveis, ainda assim confiarei no Senhor, no Deus da minha salvação.