Jesus viu a opressão que reinava em Israel à medida que convivia com as pessoas no meio da rua, em suas casas, no templo e em qualquer lugar, onde feridos por um sistema religioso e governamental que favorecia apenas um grupo de pessoas, os ricos e poderosos.
Ele não se calou, ele pregava o arrependimento e aqueles que pensam no arrependimento apenas como meio de “salvação da alma” estão muito enganados. O arrependimento não prescrevia apenas o “espiritual”, mas era uma manifestação, no entendimento e ensino dele, da vida do dia a dia. Aquele que rouba, não deveria roubar mais, aquele que mente, não deveria mentir mais e assim por diante. A vida precisava ser transformada, uma transformação comparada com um novo nascimento, uma nova humanidade.
As multidões que o seguiam sofriam, geralmente, nas mãos do religiosos e governantes; junto porém com estas multidões seguiam-no de perto esses mesmos religiosos e adeptos da classe dirigente do país para “ouvir” e “ver” o que ele falava e fazia, para o acusá-lo.
Na compilação de Mateus do seu Sermão da Montanha ele expressa (dentre outras coisas): Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados. (Mateus 5.6).
A fome e a sede de justiça invadiram nosso país e é maravilhoso ver, ouvir e acompanhar aqueles que clamam por justiça, por equidade.
Justiça, aqui no texto de Mateus, não deve ser interpretado apenas como uma justiça que advém daquilo que chamamos de “salvação” no contexto espiritual, mas é a justiça sendo implementada e emplacada em meio à vida; é o processo pelo qual podemos passar e que Deus muito honra aqueles que tem essa sede, essa fome e ele, na pessoa de Cristo, promete: SERÃO SATISFEITOS, SERÃO SACIADOS, ou seja, terão a justiça que tanto desejam.
Nosso sistema estruturalmente influenciado e planejado traz sobre a política uma ação de injustiça e opressão muito comum em tantos recantos do Brasil e fora dele. O mal também triunfa estabelecendo a perda de liberdade básica, ou seja, somos e fazemos aquilo que se espera de nós, na instituição de uma tirania bem conduzida que se traduz em corrupção, dinastias de poder e muito nepotismo – “Política e corrupção parecem acompanhar a saga humana na perspectiva do exercício do poder” (Gasparetto, 2009, p. 1).
As leis, as políticas de ação, as constituições tendem a favorecer este ou aquele grupamento, negociando em favor da facilitação para uma melhoria de vida para alguns que detém o poder e a oportunidade de controlarem em detrimento da desgraça e perda de esperança de quem sempre se encontra com as mãos vazias.
Este movimento todo que vemos no Brasil, precisa ser direcionado para essa justiça, um desejo, uma sede, uma fome que anseie pela melhor aplicação das leis.
É preciso se organizar, fazer ouvir a voz, clamar, ter fome de ver mudanças ocorrendo, ter sede de levar a “revolução” até que as estruturas possam ser balançadas e mudadas.
O grito agora é imprescindível, mas a continuidade do grito se dá também nas urnas, nas próximas eleições e muito mais que isso ainda, num envolvimento real na política do país, em todo canto, pessoas que estão clamando, reivindicando, querendo, desejando, precisam arregaçar as mangas e se colocar em lugares estratégicos, para influenciar, mudar, transformar e fazer acontecer o desejo de todos.
Que Deus nos abençoe e nos ouça.